SálviaO burburinho começou na imprensa gringa e logo veio parar no Brasil: a inocente sálvia, que tempera pratos de macarrão desde que o mundo é mundo, seria a “nova maconha”. Inspirando-se no uso tradicional da planta entre tribos do México, jovens americanos estão fumando ou mascando a erva em busca de uma suposta sensação de paz, conexão espiritual e produção descontrolada de gargalhadas. Com as notícias a respeito, surgiram propostas para proibir a comercialização da planta nos Estados Unidos. Calma: nada disso é motivo para abolir a comida italiana do cardápio. A sálvia de que estamos falando tem o nome científico Salvia divinorum e é apenas uma prima da Salvia officinalis, essa sim encontrada em qualquer cantina. O que não quer dizer que vegetais normalmente usados como comida não tenham propriedades um tanto esquisitas, digamos. Por sorte, é muito difícil ficar doidão simplesmente ingerindo esses alimentos, embora formas mais específicas de uso possam equivaler aos efeitos de drogas mais “tradicionais”.
Banana
Nunca se ouviu falar de um macaco que ficasse bêbado de tanto comer banana, mas a fruta esconde alguns segredinhos. “Ela é rica em triptofano, substância que é precursora da serotonina [um dos neurotransmissores, ou mensageiros químicos, do cérebro]”, conta Fúlvio Mendes. Remédios contra a depressão ou drogas “recreativas”, como o famigerado LSD, agem justamente sobre os sistemas afetados pela serotonina no nosso cérebro. O problema (bom, ao menos para quem está atrás de emoções mais fortes) é que tanto o intestino quanto o fígado estão equipados com substâncias especialmente projetadas para evitar que a banana faça sua mágica com o cérebro. “É por isso que, segundo relatos, algumas pessoas costumam fumar a casca da banana, ou aqueles fiapos que ficam grudados na parte interna da casca, para conseguir o chamado barato”, diz o pesquisador da Unifesp. Desse jeito, as substâncias vão parar diretamente na corrente sangüínea do fumante de banana, aumentando as chances de afetar seu cérebro.
As “drogas culinárias” podem render histórias divertidas, mas vale sempre o velho conselho: não tente fazer isso em casa. Se estiver interessado num alimento psicoativo, coma chocolate – que, segundo os neurocientistas, favorece a produção de inúmeros neurotransmissores ligados a sensações prazerosas.
Fique de olho na saúde!
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