Casamento perigoso!
Professor Cláudio Lima
16 Jan 2010 - 18h48min
16 Jan 2010 - 18h48min
Que os efeitos de dirigir alcoolizado podem ser desastrosos todo mundo sabe. Um dos casos mais famosos foi o acidente de trânsito que envolveu um deputado estadual paranaense acusado de dirigir alcoolizado. Mas o que isso tem a ver com bebidas energéticas? Circula na Internet um email afirmando que as bebidas energéticas podem provocar diversos males à saúde, desde enxaquecas até ataque cardíaco.
Segundo o email, os sintomas seriam provocados por uma substância chamada glucuronolactone. Contudo, tanto no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária como no site da Food and Drug Administration (que é o órgão responsável por proteger a saúde pública nos Estados Unidos) não há qualquer citação desfavorável a glucuronolactone. No ano de 2007, um deputado estadual do Rio de Janeiro apresentou um projeto de lei que obrigava os fabricantes de produtos que contivessem a substância ``glucuronolactone`` a inserir advertências em suas embalagens.
A justificativa era a seguinte: ``De acordo com a sociedade médica internacional, a ingestão de produtos à base da substância glucuronolactone, um estimulante poderoso, tem sido comumente associada a enfartos e acidentes vasculares cerebrais, uma vez que seu uso deveria ser destinado à pratica de exercícios físicos, pois aumenta o número dos batimentos cardíacos e provoca o efeito popularmente conhecido como sangue ralo. Ocorre que essa substância vem sendo empregada na fabricação de -energéticos- cada vez mais utilizados por jovens em associação com o álcool, o que potencializa os seus riscos, sem que nenhuma advertência seja feita aos seus consumidores. Produtos que contêm essa substância foram recentemente proibidos na França e na Inglaterra, pelos motivos anteriormente expostos. Dessa forma, o Projeto visa obrigar a inserção de advertências nas embalagens de produtos que contenham tal substância.``
Segundo o periódico Britânico Daily Mail foi proibida a venda de bebidas energéticas na Noruega, Dinamarca, Islândia e Uruguai, enquanto os departamentos de saúde na França, Irlanda, Turquia, Suécia e os da União Européia, manifestaram preocupação. O fato é que esta bebida contém cafeína, taurina e glucuronolactone. As três substâncias juntas, com certeza, provocam um efeito extremamente estimulante passando a sensação de bem-estar.
Não podemos afirmar ainda que a bebida, por si só, irá causar algum problema de saúde se for consumida. Contudo, a minha preocupação, é que os energéticos estão sendo cada vez mais consumidos misturados com bebida alcoólica, especialmente com uísque e vodka. Essa mistura é potencialmente perigosa não somente pela presença de substância A ou B, mas porque a bebida energética mascara os efeitos do álcool no organismo, de modo que a pessoa não perceba o quanto embriagada está. Resumindo & você bebe mais e por mais tempo sem sentir os efeitos do álcool.
Embasando uma ação judicial em defesa dos consumidores do distrito de Columbia- Washigton, o Center for Science in the Public Interest afirma, dentre dezenas de outras coisas, que os jovens sob o efeito dessa mistura ficam mais vulneráveis a atitudes como pegar caronas e abusar, ou serem abusados sexualmente, quando comparados a quem ingeriu somente álcool.
A bebida deveria ser proibida no Brasil? Acho que pelo menos deveria existir proibição para a venda de bebidas energéticas em casas noturnas e lojas de conveniência e punição para quem fosse pego consumindo a mistura.
Uma coisa é certa - esse casamento perigoso tem gerado acidentes no trânsito e a culpa creditada apenas ao álcool.
>> Cláudio Lima é engenheiro de alimentos do Instituto Centec, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos e autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos.claudiolima@opovo.com.br
Segundo o email, os sintomas seriam provocados por uma substância chamada glucuronolactone. Contudo, tanto no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária como no site da Food and Drug Administration (que é o órgão responsável por proteger a saúde pública nos Estados Unidos) não há qualquer citação desfavorável a glucuronolactone. No ano de 2007, um deputado estadual do Rio de Janeiro apresentou um projeto de lei que obrigava os fabricantes de produtos que contivessem a substância ``glucuronolactone`` a inserir advertências em suas embalagens.
A justificativa era a seguinte: ``De acordo com a sociedade médica internacional, a ingestão de produtos à base da substância glucuronolactone, um estimulante poderoso, tem sido comumente associada a enfartos e acidentes vasculares cerebrais, uma vez que seu uso deveria ser destinado à pratica de exercícios físicos, pois aumenta o número dos batimentos cardíacos e provoca o efeito popularmente conhecido como sangue ralo. Ocorre que essa substância vem sendo empregada na fabricação de -energéticos- cada vez mais utilizados por jovens em associação com o álcool, o que potencializa os seus riscos, sem que nenhuma advertência seja feita aos seus consumidores. Produtos que contêm essa substância foram recentemente proibidos na França e na Inglaterra, pelos motivos anteriormente expostos. Dessa forma, o Projeto visa obrigar a inserção de advertências nas embalagens de produtos que contenham tal substância.``
Segundo o periódico Britânico Daily Mail foi proibida a venda de bebidas energéticas na Noruega, Dinamarca, Islândia e Uruguai, enquanto os departamentos de saúde na França, Irlanda, Turquia, Suécia e os da União Européia, manifestaram preocupação. O fato é que esta bebida contém cafeína, taurina e glucuronolactone. As três substâncias juntas, com certeza, provocam um efeito extremamente estimulante passando a sensação de bem-estar.
Não podemos afirmar ainda que a bebida, por si só, irá causar algum problema de saúde se for consumida. Contudo, a minha preocupação, é que os energéticos estão sendo cada vez mais consumidos misturados com bebida alcoólica, especialmente com uísque e vodka. Essa mistura é potencialmente perigosa não somente pela presença de substância A ou B, mas porque a bebida energética mascara os efeitos do álcool no organismo, de modo que a pessoa não perceba o quanto embriagada está. Resumindo & você bebe mais e por mais tempo sem sentir os efeitos do álcool.
Embasando uma ação judicial em defesa dos consumidores do distrito de Columbia- Washigton, o Center for Science in the Public Interest afirma, dentre dezenas de outras coisas, que os jovens sob o efeito dessa mistura ficam mais vulneráveis a atitudes como pegar caronas e abusar, ou serem abusados sexualmente, quando comparados a quem ingeriu somente álcool.
A bebida deveria ser proibida no Brasil? Acho que pelo menos deveria existir proibição para a venda de bebidas energéticas em casas noturnas e lojas de conveniência e punição para quem fosse pego consumindo a mistura.
Uma coisa é certa - esse casamento perigoso tem gerado acidentes no trânsito e a culpa creditada apenas ao álcool.
>> Cláudio Lima é engenheiro de alimentos do Instituto Centec, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos e autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos.claudiolima@opovo.com.br