Alimento & saúde
Esponja de louça: A chefe da gangue
Cláudio Lima
22 Mai 2010 - 16h29min
22 Mai 2010 - 16h29min
Em maio de 2009, neste espaço, falamos sobre esponjas de lavar louça e mostramos que uma simples esponja pode ser perigosa ao espalhar contaminação, caso não seja esterilizada e trocada regularmente. Hoje destacamos novidades com relação a esse tema. Sabe-se que durante o processo de limpeza dos equipamentos, superfícies e utensílios de uma cozinha, resíduos de alimentos ficam presos às cavidades das enponjas. A presença desses resíduos alimentares e de água favorece o crescimento microbiano - na própria esponja - que se transforma numa morada para bactérias, fungos, parasitas e virus.
O pior de tudo é que uma esponja contaminada leva a contaminação para todos os locais onde ela tocar, embora possa não levantar suspeitas, dada a sua aparência inofensiva. Esta coluna recebeu um email com os resultados de uma pesquisa sobre esponjas de louça, que fora realizada por uma aluna do curso técnico de controle de qualidade alimentar, na cidade de Torres Nova, em Portugal. Na referida pesquisa, o mais interessante foi a metodologia utilizada. Esponjas de lavar louça compradas em supermercados foram distribuídas para donas de casa usarem normalmente em suas cozinhas durante três semanas consecutivas.
Foram distribuídos dois tipos de esponja: uma do tipo comum e outra que continha substâncias bactericidas em sua composição. Outras esponjas sofreram ainda esterilização através do uso de água fervente. As análises microbiológicas foram realizadas dois meses após o recolhimento dessas esponjas. A pesquisa não avaliou um grande número de amostras(esponjas).Mesmo assim, os resultados são interessantes e devem ser levados em consideração porque dão uma idéia do que acontece com as esponjas usadas normalmente nas residências. Até aqui, a opinião de muitos especialistas e pesquisadores, era que uma esponja poderia abrigar microrganismos patogênicos por pelo menos duas semanas.
Conclusões da pesquisa
A pesquisa chegou a quatro importantes conclusões:
1- Uma espoja de lavar louça pode abrigar microrganimos vivos por pelo menos dois meses;
2- Um esponja com bom aspecto não garante que ela não esteja contaminada;
3- A esponja que continha substâncias bactericidas não mata os microrganimos nem impede o crescimento deles.
4- O uso de água fervente é eficaz no processo de esterilização de esponjas.
Ora, se as esponjas usadas em residências se contaminam com tamanha facilidade, imagine as esponjas utilizadas em lanchonetes e restaurantes. Muitos desses estabelecimentos não se preocupam com esses detalhes e exageram no quesito economia. É muito comum em minhas consultorias encontrar esponjas danificadas, furadas, sujas, imersas em água com sabão, abandonadas em cima das pias, descançando em cima de barras de sabão. A solução para resolver este problema passa por vários pontos como a realização de campanhas educativas por parte da vigilância sanitária; treinamento dos manipuladores e funcionários dos restaurantes; e uma postura mais exigente dos consumidores que devem procurar sempre visitar as cozinhas dos locais onde se alimentam. Sugiro muito cuidado com o uso da esponja, pois ela pode ser apontada como a grande vilã, a chefe da gangue da cozinha que inclui ainda, entre os membros perigosos, o pano de prato, a tábua de corte e a lixeira de pia.
>> Cláudio Lima é engenheiro de alimentos do Instituto Centec, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos e autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos. claudiolima@opovo.com.br