Alimento e Saúde
Água Plastificada
Professor Cláudio Lima
27 Mar 2010 - 19h36min
27 Mar 2010 - 19h36min
Na segunda-feira passada, dia 22 de março, foi comemorado o Dia Mundial da Água. Lendo trabalhos sobre a problemática da água em todo o mundo, me deparei com um artigo que mostrava os resultados de uma pesquisa com água mineral que me deixou bastante preocupado. Facilmente encontramos em revistas especializadas pesquisas científicas mostrando a contaminação de águas minerais envasadas em algumas cidades ou estados brasileiros. Como exemplo, podemos citar uma pesquisa realizada aqui no Ceará pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), de abril de 2004 a dezembro de 2005, onde foi constatado que 63,8% das águas envasadas em garrafões de 20 litros apresentavam não conformidade com a legislação sanitária.
Essa pesquisa constatou, inclusive, a presença em 9,9% das amostras, da bactéria Pseudomonas aeruginosa, que pode ser uma bactéria perigosa para pessoas imunodeprimidas.
Outra pesquisa, desta vez realizada pelo laboratório de microbiologia do Instituto Centec de Limoeiro do Norte, em 2007, também com garrafões de 20 litros, mostrou que 20% das amostras de água mineral e 40% das amostras de água adicionada de sais estariam impróprias para o consumo. Contudo, a água envasada, além de poder causar problemas de contaminação microbiológica, caso a produção não obedeça às normas de higiene vigentes, pode causar problemas de contaminação química.
Uma recente pesquisa publicada na revista Environmental Science and Pollution Research mostra que a água mineral engarrafada, se armazenada em recipientes feitos com um tipo de plástico conhecido como PET (polietileno tereftalato), pode conter uma quantidade de poluentes estrogênicos. Na pesquisa, os cientistas alemães Martin Wagner e Jörg Oehlmann, utilizaram garrafas PET e garrafas de vidro para criar caracóis. A espécie de caracol usada & Potamopirgus antipodarum & é sensível ao estrogênio, aumentando a sua produção de embriões quando exposto a grandes concentrações desse hormônio. Os caracóis cultivados em garrafas PET produziram o dobro de embriões dos caracóis cultivados em garrafas de vidro. A análise dos dados mostra claramente a contaminação por estrogênios.
Essas substâncias são utilizadas nas embalagens plásticas, para desenvolver no material, propriedades de durabilidade, flexibilidade e cor. A indústria de embalagens incorpora essas substâncias com a função antioxidante e, muitos desses antioxidantes, são compostos fenólicos que apresentam estrogênio. As substâncias com função estrogênica são chamadas de hormônios sintéticos, pois têm estrutura química semelhante ao estrógeno (hormônio feminino). Devido à semelhança, o organismo humano não percebe a diferença e isso pode provocar inúmeros problemas de doença.
Para que a contaminação química, neste caso, provoque problemas, é necessário que haja bioacumulação o que exige uma exposição continuada. Por isso, a melhor opção, neste momento, para não bebermos ``água plastificada``, seja utilizarmos garrafas de vidro.
>> Cláudio Lima é engenheiro de alimentos, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos, autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos. claudiolima@opovo.com.br
Essa pesquisa constatou, inclusive, a presença em 9,9% das amostras, da bactéria Pseudomonas aeruginosa, que pode ser uma bactéria perigosa para pessoas imunodeprimidas.
Outra pesquisa, desta vez realizada pelo laboratório de microbiologia do Instituto Centec de Limoeiro do Norte, em 2007, também com garrafões de 20 litros, mostrou que 20% das amostras de água mineral e 40% das amostras de água adicionada de sais estariam impróprias para o consumo. Contudo, a água envasada, além de poder causar problemas de contaminação microbiológica, caso a produção não obedeça às normas de higiene vigentes, pode causar problemas de contaminação química.
Uma recente pesquisa publicada na revista Environmental Science and Pollution Research mostra que a água mineral engarrafada, se armazenada em recipientes feitos com um tipo de plástico conhecido como PET (polietileno tereftalato), pode conter uma quantidade de poluentes estrogênicos. Na pesquisa, os cientistas alemães Martin Wagner e Jörg Oehlmann, utilizaram garrafas PET e garrafas de vidro para criar caracóis. A espécie de caracol usada & Potamopirgus antipodarum & é sensível ao estrogênio, aumentando a sua produção de embriões quando exposto a grandes concentrações desse hormônio. Os caracóis cultivados em garrafas PET produziram o dobro de embriões dos caracóis cultivados em garrafas de vidro. A análise dos dados mostra claramente a contaminação por estrogênios.
Essas substâncias são utilizadas nas embalagens plásticas, para desenvolver no material, propriedades de durabilidade, flexibilidade e cor. A indústria de embalagens incorpora essas substâncias com a função antioxidante e, muitos desses antioxidantes, são compostos fenólicos que apresentam estrogênio. As substâncias com função estrogênica são chamadas de hormônios sintéticos, pois têm estrutura química semelhante ao estrógeno (hormônio feminino). Devido à semelhança, o organismo humano não percebe a diferença e isso pode provocar inúmeros problemas de doença.
Para que a contaminação química, neste caso, provoque problemas, é necessário que haja bioacumulação o que exige uma exposição continuada. Por isso, a melhor opção, neste momento, para não bebermos ``água plastificada``, seja utilizarmos garrafas de vidro.
>> Cláudio Lima é engenheiro de alimentos, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos, autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos. claudiolima@opovo.com.br