Chegou o chegadinho chique
Professor Cláudio Lima
02 Jan 2010 - 16h41min
02 Jan 2010 - 16h41min
Fala-se que primeiro comemos com os olhos para depois comermos com a boca. Mas existe um alimento que se come primeiro com os ouvidos. Se você pensou no famoso chegadinho, acertou. Como bem relatou a pesquisadora Thaís Aragão, num periódico científico, ``quando o triângulo do vendedor é identificado em meio ao som do ambiente, o ouvinte que sente vontade de comer chegadinho, rapidamente calcula quanto tempo levará e o que precisa fazer para alcançar o vendedor, que não se detém em sua trajetória, a menos que seja solicitado.``
A pesquisadora diz que é preciso parar o que está fazendo, apanhar o dinheiro, encontrar chaves, abrir portas. A audição também é utilizada para saber a que distância você está do vendedor. Caso você não corra e grite & Ei chegadin! Ele vai embora. Pois bem, para quem não conhece o ``chegadin``, como diz o fortalezense, é uma iguaria adocicada, feita com farinha de trigo, goma, água e açúcar. Depois de batida toda essa mistura, coloca-se num forno e, como resultado, tem-se o chegadinho.
Tem gente que diz que o sabor lembra o de uma casquinha de sorvete. Porém, o chegadinho é bem fino e quebra-se facilmente. Geralmente apresenta o formato de um cone bem aberto, tipo funil. O chegadinho, deixando de lado o aspecto cultural (sim, pois o vendedor de chagadinho faz parte da paisagem da cidade, hoje bem menos, mas faz) é um alimento não muito seguro do ponto de vista microbiológico.
Primeiro por ser fabricado em casas, ``fundo de quintal``, sem as boas práticas de fabricação de alimentos. Um processo bem artesanal mesmo. São poucos os locais que ainda fabricam.
Depois os vendedores colocam o alimento dentro de uma espécie de cilindro de metal, que carregam nas costas, e vão tocando o triângulo conforme falei. O vendedor fica perambulando pelas ruas da cidade, debaixo de um sol castigante, durante todo o dia. Assim, vende nas feiras-livres, centro da cidade, estádios de futebol, praias e onde mais as pernas o levarem.
Alguns vendedores deixam o alimento solto dentro do cilindro e, no momento da venda, utilizam pegadores de metal ou um saquinho plástico, como se fosse luva. Outros vendedores, por sua vez, colocam o chegadinho primeiro dentro de um saquinho plástico e somente depois guardam no cilindro. Menos mal. Muitas vezes o chegadinho fica mole e outras vezes esfarelado. Pegam no dinheiro, passam o troco, pegam no produto.
Pois bem, outro dia descobri que existe chegadinho sendo vendido em padarias, supermercados e locadoras de vídeo. - Tai que eu não sabia! Achei muito bacana, pois o chegadinho é colocado dentro de saquinhos plásticos, lacrados com seladora e depois colocados dentro de uma caixinha plástica. Possui inclusive rótulo com ingredientes, tabela nutricional e demais informações.
Isso assegura a higiene do produto e também garante que ele não fique amolecido. Mas, já vi gente dizendo: ``- O mundo ta perdido mesmo! Industrializaram até o chegadinho!``. Fala sério! As coisas precisam evoluir e sempre para melhor. O produto é o mesmo, o que mudou, neste caso, foi a mentalidade de quem o fabrica. Ah, se todo empresário do ramo de alimentos se preocupasse com a higiene.
Existe outra vantagem. Caso dê vontade de comer, você não precisa ficar esperando o vendedor passar na sua rua. Basta ir à padaria e comprar. Você
pode também alegrar a criançada nas festinhas de aniversário. Pois é, chegou o chegadinho chique. O vendedor de rua pode muito bem revender este chegadinho, tocando o seu triângulo com a mesma alegria e com maior segurança para o cliente.
Cláudio Lima é engenheiro de alimentos do Instituto Centec, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos e autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos.
A pesquisadora diz que é preciso parar o que está fazendo, apanhar o dinheiro, encontrar chaves, abrir portas. A audição também é utilizada para saber a que distância você está do vendedor. Caso você não corra e grite & Ei chegadin! Ele vai embora. Pois bem, para quem não conhece o ``chegadin``, como diz o fortalezense, é uma iguaria adocicada, feita com farinha de trigo, goma, água e açúcar. Depois de batida toda essa mistura, coloca-se num forno e, como resultado, tem-se o chegadinho.
Tem gente que diz que o sabor lembra o de uma casquinha de sorvete. Porém, o chegadinho é bem fino e quebra-se facilmente. Geralmente apresenta o formato de um cone bem aberto, tipo funil. O chegadinho, deixando de lado o aspecto cultural (sim, pois o vendedor de chagadinho faz parte da paisagem da cidade, hoje bem menos, mas faz) é um alimento não muito seguro do ponto de vista microbiológico.
Primeiro por ser fabricado em casas, ``fundo de quintal``, sem as boas práticas de fabricação de alimentos. Um processo bem artesanal mesmo. São poucos os locais que ainda fabricam.
Depois os vendedores colocam o alimento dentro de uma espécie de cilindro de metal, que carregam nas costas, e vão tocando o triângulo conforme falei. O vendedor fica perambulando pelas ruas da cidade, debaixo de um sol castigante, durante todo o dia. Assim, vende nas feiras-livres, centro da cidade, estádios de futebol, praias e onde mais as pernas o levarem.
Alguns vendedores deixam o alimento solto dentro do cilindro e, no momento da venda, utilizam pegadores de metal ou um saquinho plástico, como se fosse luva. Outros vendedores, por sua vez, colocam o chegadinho primeiro dentro de um saquinho plástico e somente depois guardam no cilindro. Menos mal. Muitas vezes o chegadinho fica mole e outras vezes esfarelado. Pegam no dinheiro, passam o troco, pegam no produto.
Pois bem, outro dia descobri que existe chegadinho sendo vendido em padarias, supermercados e locadoras de vídeo. - Tai que eu não sabia! Achei muito bacana, pois o chegadinho é colocado dentro de saquinhos plásticos, lacrados com seladora e depois colocados dentro de uma caixinha plástica. Possui inclusive rótulo com ingredientes, tabela nutricional e demais informações.
Isso assegura a higiene do produto e também garante que ele não fique amolecido. Mas, já vi gente dizendo: ``- O mundo ta perdido mesmo! Industrializaram até o chegadinho!``. Fala sério! As coisas precisam evoluir e sempre para melhor. O produto é o mesmo, o que mudou, neste caso, foi a mentalidade de quem o fabrica. Ah, se todo empresário do ramo de alimentos se preocupasse com a higiene.
Existe outra vantagem. Caso dê vontade de comer, você não precisa ficar esperando o vendedor passar na sua rua. Basta ir à padaria e comprar. Você
pode também alegrar a criançada nas festinhas de aniversário. Pois é, chegou o chegadinho chique. O vendedor de rua pode muito bem revender este chegadinho, tocando o seu triângulo com a mesma alegria e com maior segurança para o cliente.
Cláudio Lima é engenheiro de alimentos do Instituto Centec, especialista em alimentos e saúde pública, mestre em tecnologia de alimentos e autor de três livros na área de higiene e qualidade de alimentos.
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